Review – Amnesia: Memories (Análise sem spoilers)

O que você faria se, caso um dia, acordasse sem suas memórias? Em Amnesia: Memories, a protagonista precisa lidar com o fato de não ter lembrança de nada do seu passado. Enquanto finge que está tudo bem, ela se vê amarrada em uma série de eventos suspeitos e perigosos, colocando não só sua vida em risco como daqueles a sua volta. Quem é aliado, quem é inimigo? Numa luta pela a verdade, apenas o tempo dirá.

Se você quer saber mais a respeito da sinopse e personagens, confira primeiro nosso post Amnesia – História, personagens e franquia para se ambientar melhor. Essa análise tomará como base que você tenha ciência dos detalhes apresentados no post mencionado.

Avisos:

  • Este post contém apenas spoilers leves! As rotas e personagens serão comentados de uma maneira que evite spoilers. As CGs utilizadas são as mesmas usadas no site oficial e/ou na abertura.

  • Este texto contém opiniões pessoais e não reflete necessariamente a visão de todas as integrantes do Otomices

Guia e acesso rápido aos tópicos:

Ficha Técnica

Amnesia: Memories
Título Original: AMNESIA
Tipo:
Otome Game
Plataforma: Nintendo Switch
Data de Lançamento original: 12/09/2019
Data de Lançamento em inglês: 20/09/2022
Desenvolvedora: Design Factory Co., Ltd / Otomate
Publicadoras: Idea Factory Co., Ltd. / Gloczus, Inc.
Roteiristas: Kamura Nazuna, Mochizuki Yue
Character designer e artista: Hanamura Mai
Artista encarregado pelos chibis: Natsume Uta
Diretor: Yamaguchi Mikiharu
Classificação etária: Teen
Site Oficial (JP) | Site Oficial (EN) | Opening | Post conheça com guia de rotas 

Se você gosta de jogos de mistério e otome games que focam no self-insert, Amnesia com certeza é para você. A protagonista sequer tem um nome oficial, facilitando a sua imersão no jogo. Todavia, por você não ter lembrança alguma, você acaba sendo uma casca vazia na história. Tudo gira em torno dos acontecimentos e da reação dos interesses amorosos ou pelo Orion, o amigável espírito que está vinculado ao espírito da protagonista. Pensamentos, desejos e qualquer tipo de expressão verbal só acontecem após a protagonista lembrar as suas memórias no final daquela rota específica.

Personagens

Protagonista

Para mim, é difícil falar de uma protagonista self-insert. Eu, particularmente, não sou fã desse tipo de heroína, e sinto falta de acompanhar seus pensamentos, expressões e manifestações de ser alguém de fato na história. Ao menos, em Amnesia, a protagonista tem seu design, possui olhos (!!!!), enfim, a personagem é representada figuramente como um todo. Enquanto seria mais prazeroso poder ver o sprite da protagonista no box de texto no jogo inteiro, o fato dela aparecer de verdade nos CGs traz uma paz ao meu coração.

À medida que a protagonista vai relembrando suas memórias (referentes àquela rota/universo), ela vai desenvolvendo sua personalidade. Contudo, para mim, não parece ser algo natural. Fico sentindo como se a personalidade no final da rota não fosse ela de fato… Provavelmente pelo pouco tempo que teve para essa personalidade ser desenvolvida e apresentada como real. Talvez isso seja melhor executado em seus fandisks, que serão analisados posteriormente em outra review.

Shin

Shin, junto do Toma, é um dos amigos de infância da protagonista. O rapaz é tsundere e também rápido para se expressar fisicamente: logo no início da rota ele já chega beijando a protagonista. A rota dele foca no mistério de como a protagonista se machucou numa noite específica, ferimentos suficientes a ponto de colocá-la em internação num hospital.

Enquanto a protagonista finge não ter perdido as memórias para não criar suspeitas no Shin, ela tem que tomar cuidado com todos a sua volta, inclusive com o próprio rapaz. Os boatos que rondam é que ele poderia ser o culpado pelos seus ferimentos. Na questão do romance, mesmo o rapaz sendo um pouco mais pra frente, deixa a desejar. Não consigo sentir uma química entre o casal e tudo parece ser forçado na minha perspectiva. Além disso, acho a personalidade do Shin extremamente chata, me impedindo de sentir qualquer tipo de paixão por ele.

Ikki

Ikki é um womanizer, com direito a um fanclub oficial e tudo. Aparentemente, todas as mulheres que olham em seus olhos se apaixonam por ele, exceto a… protagonista. Isso gera uma curiosidade no rapaz sobre ela, até o momento que ambos se apaixonam e firmam o relacionamento. Mas, como nem tudo são flores, existem momentos que o rapaz pode tratá-la com afeto e momentos que a trata com desprezo. Isso é um reflexo do medo que ele sente pelo o fanclub dele, que é bem trabalhado e aprofundado na rota.

Nesta rota em específico, o motivo dela ter perdido as memórias não é bem trabalhado. Fica à mercê da imaginação do leitor mesmo. À medida que suas memórias voltam, a presença do Orion vai ficando mais fraca, até que o espírito desaparece por inteiro. Apesar de ter gostado mais do Ikki e ter achado o romance mais convincente que do Shin, ainda senti algo faltando. Como falei anteriormente, o self-insert, para mim, acaba mais atrapalhando do que ajudando, e me dando uma sensação de que tudo seria melhor desenvolvido se a protagonista fosse melhor representada na história.

Kent

Kent é do tipo que preza mais a razão do que a emoção. Sendo extremamente lógico, ele aparenta ser super frio no início, até que vai caindo na armadilha que se chama o Amor. Antes da perda da memória da protagonista, o rapaz tinha sido seu tutor de matemática na faculdade (clássico nerd). Ambos discutiam o tempo inteiro, pelo o choque de opiniões que tinham.

Ele começa a desenvolver sentimentos por ela e a pede em namoro da clássica forma, dizendo que queria entender melhor o sentimento irracional que o Amor é. Pouco depois, que é quando ela perde as memórias, as discussões não existem mais, pelo o contrário, a protagonista demostra muito afeto. Ele estranha, mas aceita de bom grado, porque afinal, ele era apaixonado por ela. Por não demorar a revelar a sua perda de memória, a rota e o romance entre os dois desenvolve de uma maneira lenta, porém agradável. É convincente e só não é melhor porque, novamente, o self-insert deixa a desejar.

Toma

Toma é um dos amigos de infância da protagonista, junto com o Shin. Sua rota é repleta de tensão e mistérios, além de você não entender os motivos do rapaz. Por que diabos você estava o tempo inteiro na casa dele, se nem envolvidos romanticamente vocês estavam? Enfim, à medida que você tenta desobedecer ele, ele vai ficando mais irritado e partindo para métodos menos convencionais de controle.

No fim, o Toma é o que chamamos de yandere. Quem gosta de otome games sabe da fama do rapaz e do seu aprecio por jaulas. Isso é um spoiler conhecido no fandom inteiro, no estilo Darth Vader ser o pai do Luke, etc. Mesmo sendo do tipo “o fim justifica os meios”, Toma é o interesse romântico mais popular entre todos os rapazes do jogo. Não para mim, é claro. Enquanto entendo os motivos que o levaram a chegar a esse ponto, não consigo aceitar e nem romantizar. Junta isso com a apatia da protagonista (o misto de self-insert mais falta de memórias) e deixa a experiência maçante na minha perspectiva. A sorte de Amnesia é que as rotas não são muito longas.

Ukyo

Ukyo é o último dos rapazes e também considerado a true route do jogo. A personalidade dele é difícil de descrever. Em uns momentos, aparece extremamente gentil, em outros, completamente surtado. O distúrbio de personalidade que ele tem é explicado durante a rota e é convincente. Se considerarmos toda a linha do tempo, tudo faz sentido.

É a rota com mais bad endings do jogo (eu sei! superou a rota do Toma), mas que são muito mais que justificadas. Porém, como sempre, a falta de memórias/self-insert atrapalha o desenvolvimento da história. Fica algo meio sem sal, sem gosto. O que era pra ser uma conclusão emocionante, para mim acabou sendo um “oh, finalmente acabou”. Gostaria de sentir um apreço maior pelo o Ukyo, mas mesmo ele sendo até muito bonzinho, não consegui me encantar pelo o rapaz, vendo ele mais como uma amizade (ou inimigo, dependendo do momento) do que um interesse romântico.

História

A história de Amnesia é bem simples. A protagonista perdeu as memórias e precisa recuperá-las. Ela pula em um mundo e vive de acordo com o que aquela timeline define. E pronto, a rota de cada rapaz se desenvolve em cima disso. Por serem mundos paralelos, cada rota tem poucos pontos similares, fazendo a história delas serem distintas entre si. Os personagens serão sempre os mesmos, porém, é o suficiente para modificar suas escolhas e personalidades. Isso reflete principalmente na personalidade do gerente do café onde a protagonista trabalha, que sempre te pega de surpresa cada vez que você começa uma rota nova.

Só que, por serem histórias meio que distintas, elas acabam sendo superficialmente desenvolvidas. Amnesia não é uma visual novel longa, poderíamos até dizer que é consideravelmente curta, se comparado com títulos como Birushana ou Olympia Soirée. E isso faz pecar na execução. Como dito sobre cada rota de cada rapaz, a protagonista ser um self-insert acaba mais atrapalhando do que ajudando, mesmo que tenha contexto dentro do universo. Você sente uma falta de vínculo com a história, te dando a sensação de ser apenas mais uma leitura, algo sem charmes ou encantos.

Arte

Que isso? Um desfile de moda? Calma lá, gente.

Mesmo tendo uma controvérsia envolvendo o nome da Hanamura Mai, eu ainda assim não consigo deixar de apreciar a sua arte. Os sprites, CGs, tudo é muito bonito e charmoso aos meus olhos. Os personagens se vestem de forma excêntrica, mas isso possui uma explicação. O que não possui explicação são os 20 cintos que o Kent usa.

Em relação aos cenários, eu acho eles um uó. Parece uma foto que foi editada usando filtro do photoscape, namoral. Não desce de jeito nenhum para mim. Mas ao mesmo tempo, eu acho que combina com o clima da história. Só não me pede pra elaborar muito sobre esse ponto porque quem é design é a Phii e a Pix, eu sou de exatas mesmo kkkkk.

Quando algum cenário se encerra, o jogo apresenta um “cg” como interlude antes de passar para a própria cena. Enquanto alguns desses eram apenas o sprite dos personagens sendo expressivos, em outros, era uma espécie de rascunho de algum momento dos personagens. Momentos fofos, engraçados, peculiares, enfim. Pode aparecer qualquer coisa nesse interlude, que foi um adicional fofinho na minha opinião.

Esses interludes são uma gracinha, confesso

Música e Dublagem

Apesar de eu ser fã de carteirinha do MANYO, eu acho a trilha sonora de Amnesia esquecível. Queria poder citar quais faixas me marcaram mais, porém eu não consigo nem ao menos me lembrar dos nomes delas. Por fim, a que mais me causa PTSD é a do menu inicial, que ao tocar, eu sempre lembrarei na hora que veio desse jogo.

Enquanto o time de dublagem possui grandes nomes, a sincronização do movimento da boca dos personagens com as falas não foi realizado com fluidez. Isso causa um grande desconforto, ainda mais se comparado com os jogos atuais. Te faz desejar em ter uma opção para desativar os movimentos e deixar os sprites estáticos. De qualquer forma, para a época que Amnesia foi lançado, a sincronização de boca com fala foi uma inovação, mas que infelizmente, ficou datada e mal executada nos dias atuais.

Outra reclamação que tenho a fazer é a falta da trilha sonora disponível para ser escutada dentro do próprio jogo. Nem na galeria, nos extras, nada. Isso é algo que eu sempre faço muita questão de ter e aproveitar.

Sistema, Interface e Tradução

A interface de Amnesia, assim como seus cenários, são bem simples, crus e desinteressantes, mas que combina com a temática simplista do jogo. Todavia, não me agrada e eu sinto falta de uma parte destinada à trilha sonora, como dito anteriormente.

Na tela inicial, ainda temos acesso no Menu a uma aba chamada “Memories” e outra aba chamada “Extras”. Enquanto a primeira só fica disponível após você terminar sua primeira rota, a aba de extras só fica disponível depois de você fazer todos os endings do jogo (incluindo bad endings). O bom é que você consegue saber quantos te faltam porque temos uma aba na galeria chamada “ending list”, o ruim é que é tanto bad ending pra pegar que te deixa doida. Ambas as abas dão cenários novos para cada rapaz, seja do ponto de vista deles ou apenas um monólogo.

Enquanto você está numa rota, pode acompanhar seu status com cada rapaz na aba “Parameters”.

Durante seu gameplay, você terá inúmeras escolhas. Para te auxiliar melhor, você pode checar a aba de status, que são definidas em: affection, trust, suspicion e, na rota do Toma, doubt. Podendo checar os status a qualquer momento, isso faz com que seja mais fácil chegar ao good ending na rota.

Também temos dois mini games inclusos no jogo, sendo um pedra-papel-tesoura com defesa e ataque incluso, e um mini game de aero hockey. Você pode desafiar cada interesse romântico, com direito a falas dependendo do seu resultado. Essas falas são todas legendadas. Vencendo 3 de 5 rapazes em cada mini-game, você libera um CG exclusivo.

Outro adicional que acho de bom grado, é a existência de frases a serem ditas quando você toca em certos pontos nos CGs. Os pontos que ativam essas falas aparecem na tela como símbolo de rosas. Essas falas possuem legenda e dão o ponto de vista de cada rapaz referente àquele momento específico!

Biases

Confesso que nenhum dos rapazes conquistaram meu coração de fato em Amnesia. Mas diria que o Kent e o Ikki ficariam empatados no meu primeiro lugar, pois acho ambos com rotas mais agradáveis e com um desenvolvimento natural se comparado aos outros meninos. Mesmo que os dois comecem a rota sendo um pouco distantes, eles acabam se aproximando de você e deixando uma leitura mais gostosa.

Tirando a parte do teste de matemática do Kent, é claro. Aquilo lá é horrível e dá vontade de jogar o controle na cara do menino.

Conclusão

Amnesia é considerado um clássico dos otome games, mas que ao meu ver envelheceu que nem leite. O que foi inovador na época hoje é visto como mal executado. O self-insert incomoda e não há tempo suficiente para se aprofundar nas rotas, devido ao curto tamanho que elas possuem. Mas, quem sabe, talvez os fandisks resolvam (torço muito por isso!).

Além disso, a versão lançada no Switch é igual à versão que foi lançada no Psvita/Steam há anos atrás. Igualzinha, sem tirar nem por um negóciozinho. Ou seja, a tradução com erros permanece a mesma, com os mesmos bugs e afins. Nenhum extrazinho também te deixa desanimado de adquirir o jogo novamente, a não ser que você seja realmente fã da obra.

Por fim, posso dizer que é um bom jogo para porta de entrada para aqueles que nunca jogaram um otome game antes, mas hoje, com tanta oferta no mercado, há coisas melhores para serem sugeridas. O maior diferencial é o preço, que na Steam, durante promoções, pode chegar a custar apenas R$5,00, ou seja, um jogo de qualidade quase que de graça. Não recomendo a versão do Switch, que sem descontos, possui o valor cheio de R$ 248,99 e não possui nenhum diferencial.

Nota geral: 6.0

Thanks to Idea Factory International for supporting our job! <3

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s