Em meio a uma eminente guerra entre clãs inimigos, Shanao, herdeiro dos Genji, enfrenta o seu próprio destino. Mas será que esse destino pode ser mesmo enfrentado, ou apenas aceito? Em Birushana, nosso protagonista, que na verdade é uma mulher, irá florescer ao longo de sua jornada repleta de ação, descobertas, tristezas, e por que não, amor. Será que a jogatina vale a pena e cumpre o que promete? Leia a análise em seguida para descobrir!
Se você quer saber mais a respeito da sinopse e personagens, confira primeiro nosso post Birushana: Rising Flower of Genpei – História, personagens e guia de rotas para se ambientar melhor. Essa análise tomará como base que você tenha ciência dos detalhes apresentados no post mencionado.
Avisos:
- Este post contém spoilers! Recomendado para quem já jogou ou para quem não teve/tem a oportunidade de jogá-lo. Se você quer saber o mínimo de informação sem spoilers para decidir se vale a pena jogá-lo, leia a partir do tópico História.
- Este texto contém opiniões pessoais e não reflete necessariamente a visão de todas as integrantes do Otomices
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Ficha Técnica

Birushana: Rising Flower of Genpei
Título Original: ビルシャナ戦姫 ~源平飛花夢想~
Tipo: Otome Game
Plataforma: Nintendo Switch
Data de Lançamento original: 17/09/2020
Desenvolvedora: Otomate
Publicadoras: Idea Factory Co., Ltd. (JP) / Idea Factory Co., Ltd. (EN)
Escritores: Itou Ai / Sakimoto Tomoyo / Iohara Fuji / Harino Ayako / Harumori Yoshichika
Character designer e artista: Haneda Kouji
Diretor: Itou Ai
Classificação etária: 12+
Site Oficial | Opening | Post conheça com guia de rotas
Há 16 anos, uma guerra entre dois poderosos clãs aconteceu no Japão, resultando na derrota dos Genji e vitória dos Taira, que aumentaram seu poder de influência na capital, criando relações até com o imperador. O clã perdedor teve seu principal líder e guerreiros mortos, sobrando apenas Shanao, ainda bebê, e o seu irmão Yoritomo, de 14 anos, cujas vidas foram poupadas. Shanao, juntamente com o então bebê Shungen, filho do principal vassalo de seu pai, foram enviados para as montanhas de um templo budista, onde cresceram e foram treinados como samurais. Yoritomo foi enviado para exílio em uma ilha, de forma que não pudesse exercer poder como Genji.
Agora com 16 anos, Shanao, que é na verdade uma garota, vive em paz nas montanhas, mas com o fantasma da guerra em suas costas, pois é questão de tempo para que uma nova batalha se estabeleça em prol de derrotar o terrível clã Taira, que exerce seu poder na capital em benefício próprio e em detrimento dos civis.
Mesmo sem desejar participar de uma guerra ou de se envolver contra os Taira, Shana se vê emaranhada nesta situação em uma determinada noite, a partir da qual o seu destino começa a lhe chamar. Em meio a dúvidas, a garota resolve trilhar o seu caminho, descobrindo neste processo o que o destino lhe aguarda.
Personagens
Shanao (Protagonista)

Uma verdadeira girlboss badass! Shanao é a protagonista que todas nós, mulheres, queríamos ver em um shounen. Ela é uma garota determinada e corajosa, que não foge da luta ou das responsabilidades, ainda que tenha seus medos e fraquezas internas. Ela é uma ótima samurai, com uma habilidade impecável com sua espada, mas o que curti nesse jogo é que, mesmo com essa qualidade, a Shana ainda expõe suas vulnerabilidades, o que a torna uma personagem humana.
Eu tinha receio dela ser aquela personagem feminina guerreira perfeita, mas os roteiristas souberam trabalhar muito bem a personalidade e trajetória dela. Não tem como não gostar da Shanao. E mesmo rodeada de homens, ela consegue dar conta, sendo mais habilidosa que vários, com a vantagem do corpo mais magro e ágil. Sabemos que na realidade, homem tem mais força física comparado à mulher, e em Birushana essa diferença ainda existe, mas ser samurai não é apenas ter força física, e é onde ela brilha.
Claro, em algum momento ela teria desvantagem contra um homem, e a ideia do poder sobrenatural foi uma boa saída da staff de desenvolvimento para manter a garota em equilíbrio em um universo dominado pelo sexo masculino. Ainda assim, não é como se ela usasse esse poder a todo momento. Na grande maioria das vezes quando ela o usa, são situações que mesmo um homem samurai não teria condições de lidar, sendo preciso ter uma força sobre-humana para tal. Enfim, a Shanao consegue lutar como uma mulher, com o seu jeito único, e ainda ser respeitada por todos.

Em algumas rotas, existem situações que evidenciam nas entrelinhas como era ser mulher no mundo onde a Shana vive, algumas vezes até ela mesmo lidando problemas por conta dessa questão. Eu gostei disso, existe esse olhar para o contexto feminino. E falando nisso, a Shanao, mesmo sendo vista e tratada como homem pela maioria dos personagens, consegue encantar a todos com o seu jeito feminino nas entrelinhas de ser, sendo uma líder mais empática ou acolhedora. E isso deixa marcas positivas por onde ela passa.
Eu amei que em nenhuma rota ela é salva pelo garoto da vez. Quer dizer, em algumas eles até evitam dela receber um golpe fatal ou lutam contra o vilão, mas nunca sozinhos, porque a Shanao se recusa a ficar apenas assistindo. E isso não é para se provar ou provar alguém, é porque ela de fato é uma guerreira e samurai honrada! Acompanhar o desenvolvimento dela como personagem é satisfatório, pois mesmo com medo ou receios ela vai!
Enfim, uma ótima protagonista de otome game. O maior pecado desse jogo foi não ter dado uma voz à Shanao, pois ela merecia ser uma protagonista com voz, e muito!
Taira no Noritsune
Noritsune é membro da família inimiga de Shanao, os Taira, e é um rapaz muito, mas muito honrado, que faz jus ao seu posto de samurai. Já quero deixar claro que de longe, para mim, essa foi a melhor rota do jogo, portanto, pode haver algum biase no meio desse texto, kkk.
Enfim, essa rota é a must pra quem curte o trope enemies to lovers feat. amor proibido e trágico, pois, literalmente, os dois são inimigos mas que acabam cruzando caminhos (não tanto assim pelo acaso, pois o Noritsune tem um desejo real de lutar contra “o” seu rival, Shanao, e vive o perseguindo kkk), onde na rivalidade surge o amor.

Nesses encontros eles descobrem que são muito parecidos e que essa guerra entre os clãs não tem exatamente um lado bom e um lado mau. Pelo contrário, graças às perspectivas que um descobre e enxerga do outro, tanto a Shanao como o Noritsune veem que são humanos e na guerra não há vencedores, somente perdedores. Foi esse um dos pontos que eu mais gostei na rota do Noritsune: eles se envolvem de forma inusitada e desenvolvem uma relação onde há uma troca genuína de pontos de vista, vulnerabilidades e dúvidas.
O rapaz, a princípio, tem uma certa obsessão em sempre querer lutar contra seu rival, Shanao, e apesar disso parecer muito infantil, descobrimos ao longo da rota o que o motivava a sempre se provar como o mais forte, mesmo que de forma inconsciente. E a Shanao sempre respondia pelo chamado de combate do rapaz. Eu consigo entender essa relação de rivalidade que os dois possuem, talvez por já ser acostumada com esse tipo de “demonstração de afeto através dos punhos” que vi entre Naruto e Sasuke, rs.
Mas mesmo a rivalidade dando espaço para o amor, eles não deixam de ser rivais! Talvez por serem os mais novos dos clãs inimigos e compartilharem das mesmas dúvidas que houve uma certa compatibilidade, mas é um fato que Noritsune e a Shanao conseguem ter uma química e dinâmica muito boa. O afeto entre eles vai surgindo naturalmente, e isso foi muito gostoso e emocionante de acompanhar!

Por falar em dinâmica, essa rota possui muita ação! Eu acho que foi a que mais se aproximou de um anime shounen, kkkk. E mesmo nas lutas e nos momentos de tensão, Noritsune vê a Shanao como igual. Sério, em nenhum momento ele a trata como alguém a ser protegida a todo custo ou uma samurai mais fraca que ele. Mesmo após descobrir que ela é uma mulher, ele deixa claro que iria se apaixonar por ela mesmo que fosse homem (ALERTA FUJOSHI), pois ele a via como “Shanao”, independente do gênero e da sua posição social.
E fica claro o quanto o Noritsune cresce e vira um verdadeiro samurai honrado após conhecer melhor a nossa protagonista e se inspirar nela. E a Shanao, da mesma forma, cresce junto com ele, e mesmo com suas dúvidas decide seguir o seu destino. Os dois eram capazes de morrer juntos, se fosse necessário. Aliás, a história deles é de um amor tão impossível que eu vejo muito bem o final de amor trágico sendo o final verdadeiro da rota, kkk.

Essa rota é tão boa e possui ótimos elementos a serem trabalhados que não foi necessário o uso do plot do poder sobrenatural da Shanao e sua origem, ou nem sequer do uso de um vilão. Apenas o fato de serem inimigos rivais que no futuro desenvolvem um amor impossível em meio a uma guerra entre clãs é o suficiente para a história ser desenvolvida de uma forma linda e espetacular, digna de um romance histórico japonês trágico.
Musashibou Benkei
Essa é a Daddy’s route. Eu não consigo deixar de iniciar os comentários sem dizer isso, kkk. Contudo, de daddy, o Benkei só tem o físico mesmo, porque ele é muito, muito, mas MUITO cachorrinho da Shanao, em um nível que ele é overprotetor e só falta “adorar” a garota, como se ela fosse o ser mais puro que já pisou na Terra, mais que o próprio Jesus ou Buda. Benkei é um monge andarilho que deseja ajudar a Shanao a derrubar os Taira, e desde a rota comum ele sabe que ela é mulher, o que ajuda ao nosso “daddy” ser muito protetor e preocupado com a garota.

Mas é um fato que a relação que vai surgindo entre eles, de mestre/vassalo para amantes, é muito bem executada e explorada. É aquele tipo de romance slow burn, que demora para a Shanao se dar conta dos próprios sentimentos. Nessa rota, o Tomomori é o vilão sádico que quer a todo custo raptar a Shanao para fazer dela seu brinquedinho pessoal, emprestando, se for o caso, até para o seu irmão, Shigehira. É por saber que a Shanao é mulher e que o Tomomori sabe do segredo dela que Benkei se torna um vassalo altamente protetor e vive colado nela. E é por conta disso também que eles acabam interagindo e criando uma relação de trocas confidenciais e mútuas.
Nós descobrimos um pouco do passado do Benkei mas ele não é muito explorado. Essa rota é bem previsível, pra falar a verdade. O ponto alto dela é essa relação que vai se transformando aos poucos em amor. Porém, houve uma cena em específico na qual o Benkei literalmente parecia o pai da Shanao, o que foi bem… estranho (e cringe) de consumir.

Eu só não curti que ele é tão protetor com a Shanao, que em um momento do enredo esconde dela uma informação importante, só porque ele sabia que a garota iria se pôr em uma situação de risco se soubesse. Isso foi bem manipulador e egoísta da parte do Benkei, mas enfim, ele ao menos enxerga isso quando a Shanao o confronta e eles se resolvem.
Perto do final, a rota fica bem arrastada, o capítulo final é muito previsível e você consegue saber o que vai acontecer antes de finalizá-lo. Eu senti que tinha muito capítulo para pouco enredo então o jeito foi enrolar e arrastar o fim, até mesmo a luta final, com The Power of Love realizando um milagre “inesperado”.
Falando em luta, não existe muita ação como na rota do Noritsune ou Yoritomo, essa foi uma das rotas que menos teve ação. Aliás, a maioria dos combates possuem muitos diálogos entre os choques de espadas, quebrando o fluxo de toda a tensão do momento.

De qualquer forma, pra quem curte o perfil do Benkei é provável que curta a rota, pois apesar de ser previsível e arrastada perto do fim, ela cumpre o seu papel, a relação entre eles se desenvolve naturalmente, os dois crescem juntos como uma dupla de parceiros/amantes e vencem o mal com o poder milagroso do amor.
O Benkei só não é dos meus favoritos, pois desde o princípio ele sempre foi muito dado para a Shanao. Me deu a impressão que ele só vive em função dela, além de enxergá-la como alguém acima dele, que deve ser protegida a todo custo. Em um dado momento da rota ele chega a chamá-la de “princesa” e daí não para mais. Amado, a Shanao é tudo, menos uma princesa indefesa.
Shungen
Shungen é filho de um dos principais vassalos do pai da Shanao, vassalo este que se sacrificou pelo seu mestre. A vida de Shanao e Yoritomo, ao final da guerra anterior, foram poupadas, e Shungen cresceu com a garota nas montanhas, em um templo budista. Portanto, ele é o personagem que conhece a Shanao desde pequeno e pela qual promete fidelidade, além da amizade.
A relação deles não é apenas de vassalo e mestre como os seus falecidos pais. Eles são amigos, mas é notório que Shungen também possui um forte desejo de proteger Shanao e apoiá-la em seu papel de herdeira do clã Genji. Claro, escondendo o segredo de que na verdade ela é uma mulher.

Essa é a rota do friendzone to lovers. Assim como Benkei, Shungen se preocupa demais com Shanao, mas a proteção dele se manifesta em o rapaz tomando à frente de algumas decisões, se especializando na Arte da Guerra para ter as melhores estratégias possíveis, e em tentativas de evitar que a Shanao passe por situações complicadas ou traumáticas.
A relação que já existia entre os dois apenas fortalece, pois eles sempre estiveram juntos e também passam por experiências traumáticas, se apoiando um no outro. O rapaz é muito cuidadoso e demonstra o afeto pela Shanao em pequenos atos, e enfim, o amor que ele já sentia por ela vem à tona.

Eu gostei que na rota do Shungen nós temos uma revelação bombástica, que pode surpreender as desatentas e satisfazer as atentas. Além disso, a relação deles com o Yoritomo e as posições tomadas durante a guerra fazem o personagem crescer, ele assume o seu papel e faz o que tem que ser feito. O apoio dele para a Shanao foi muito mais de igual para igual, e existe uma cena específica em que ela fica muito quebrada e confusa mentalmente, e o Shungen tá lá pra dar palavras de conforto e fazê-la enxergar claramente as coisas.
Enfim, é uma rota boa, mas tanto eu como a Nico tivemos a impressão que ela durou muito tempo em determinados capítulos. Tipo, ela pareceu muito mais longa em relação às outras rotas, parecia não ter fim de tantas questões a serem trabalhadas, kkkk. Mas o jogo político formado pelo semi-vilão dessa rota tornou a resolução do final não tão previsível assim, o que foi bom!

O nível de ação é mediana, ela tem menos combates que a do Noritsune e mais que a do Benkei. Eu joguei essa rota antes da do Benkei e na parte da grande revelação eu tomei um baita surpresa, portanto, eu recomendaria todas jogarem a rota do Shungen antes da rota do Benkei, cof.
Minamoto no Yoritomo
A rota polêmica do incesto entre irmãos…….. não, pera. KKKKK. Pois é, otometes, desde a rota do Shungen ou do Benkei a gente já vai se dando conta que na verdade a Shanao não tem ligação sanguínea com o Yoritomo, o seu “irmão” Genji.
Primeiro, eu quero dizer que os roteiristas tiveram uma sacada muito boa em revelar este fato antes de chegarmos na rota do Yoritomo, porque havia um risco enorme de muitas pessoas não jogarem ela por questões óbvias de possível romance incesto.

Essa rota é muito boa! Sério. Foi a minha segunda favorita. Desde o começo a Shanao tem um desejo enorme de ajudar o seu irmão Yoritomo a resgatar os dias de glória do clã Genji, e sua carência por um contato familiar de sangue a motiva mais ainda a cuidar e proteger o Yoritomo. Ele, por outro lado, a princípio é muito frio, calculista, sendo um verdadeiro bloco de gelo, vendo o seu “irmão mais novo” como mais uma ferramenta para vencer a guerra.
Mas é claro, eles vão se aproximando cada vez mais, muito por conta da Shanao, que tem um afeto genuíno e puro pelo Yoritomo. Ele, aos poucos, vai sendo impactado por ela, e ao mesmo tempo dá pra sentir o florescer de algo a mais entre eles, mas que fica numa linha bem tênue nessa relação fraternal. Eu tiro o meu chapéu para a execução do desenvolvimento do amor do casal. É tudo narrado e mostrado de uma forma tão natural e nas entrelinhas que a confusão de sentimentos que os dois ficam em determinado momento da rota é de se esperar.

Quer dizer, você não sabe ao certo se a Shanao fosse homem o que de fato poderia rolar. Se seria uma relação fraternal de irmãos ou um incesto BL, kkkkk. Mas uma coisa é certa: se ela fosse realmente irmã dele, rolaria incesto. Os roteiristas resolveram criar essa pegadinha pra não ficar estranho a gente shippar dois irmãos. Mas ainda assim, dá pra ter um gostinho dessa agonia do amor que vai surgindo entre eles enquanto ainda não sabem da verdade.
Curti também que, juntamente com a rota do Noritsune, essa é a única que mantém o segredo da Shanao escondido por um bom tempo. Quando o Yoritomo descobre que ela é mulher e não possui ligação sanguínea com a mesma, tudo faz sentido pra ele e bem, vemos um Yoritomo bem mais… ousado, cooooooooof.
O passado do Yoritomo é mostrado e trabalhado de forma digna, explicando toda a personalidade que ele tem hoje. É muito lindo ver ele mostrando um lado mais sensível e vulnerável para Shanao, e eu confesso que tava muito curiosa pra saber como isso seria desenvolvido, porque em todas as rotas o Yoritomo é aquele tipo de general frio que não sabe o que é sorrir. Talvez o fato dele enxergar a Shanao como um irmão mais novo sensível e os próprios traços femininos dela ajudaram a ele se abrir. Enfim, foi muito bem desenvolvido!
Eu só tenho uma reclamação dessa rota, que foi na cena em que ele dá o suporte à Shanao quando ela descobre que não é uma Genji. Foi uma cena boa mas eu senti que com o Shungen o momento pareceu mais real, a Shanao ficou claramente sem chão e perdida mentalmente, e o Shungen foi lá e a acolheu. Na do Yoritomo ela “supera” essa questão de uma maneira relativamente rápida.
Mas fora isso, a rota é maravilhosa. Essa é rota das amantes dos cubos de gelo com traumas no passado. Ela possui ação, acho que no mesmo nível que a do Shungen, mediano. O final é meio previsível, mas considerando que o ponto alto dessa rota é a relação dos irmãos, a derrota do vilão Tomomori era o de menos. Ela é emocionante em um nível que toca o seu coração, com tamanho sofrimento que o Yoritomo teve que passar e como aos poucos ele se permite ter uma vida com mais sentido, indo muito além de apenas cumprir o seu papel como herdeiro principal do clã Genji.
Taira no Tomomori
Ai, gente… vem aí. Eu me decepcionei tanto com essa rota, e é com muito pesar que eu digo isso, porque depois de ver o Tomomori nas rotas do Benkei e Yoritomo, eu tava on fire louca pra jogar a rota dele. Mas…..
O meu maior problema com essa rota é que durante boa parte do jogo é vendido algo do Tomomori e quando você joga a rota dele, vem outra coisa completamente diferente! Explico melhor. À essa altura do campeonato e tendo passado por todas as rotas, você entende que o Tomomori é o vilão do jogo, inclusive no início da própria rota! Mas é só ele ter um pouco de interação com a Shanao que esse lado vilão subitamente some!
O Tomomori é o herdeiro principal do clã inimigo da Shanao, os Taira, portanto, ela estaria lidando e se apaixonando por um inimigo, que, diferente do Noritsune, não era flor que se cheirasse. Ele literalmente faz da Shanao sua bonequinha sexual em um dos bad ending do Benkei! Isso porque, desde a rota comum, quando ele se dá de cara com a Shanao chorando sob a luz do luar, fica obcecado por ela, a perseguindo até o quinto dos inferno pra raptá-la. Bem, na sua própria rota, ele finalmente consegue fazer isso com sucesso.

Acontece que com pouco tempo de diálogos, nós vemos um Tomomori que é mais provocador do que um sádico maluco. Ele é um cara “normal”, com no máximo algumas atitudes egoístas. Diante do que me foi mostrado em outras rotas, eu fiquei muito surpresa e frustrada. O meu problema não é ele ser outra pessoa na realidade, mas sim a má execução dessa transição da nossa percepção com o personagem!
Eles só vão ter uma interação maior lá pelo capítulo 8 ou 9 (de 12), o que já é meio “tarde”, e aliado ao pouco tempo de tela das interações, já vemos a Shanao romantizar certas atitudes dele que mais pareciam um aproveitamento, egoísmo ou simplesmente diversão com o novo brinquedinho interessante da parte dele.
Eu, de verdade, não consegui comprar a ideia do Tomomori preocupado e bonzinho pra cima da Shanao quando ele consegue raptá-la, muito menos deles se apaixonando. Até a justificativa que ele deu pra ela escolher continuar com ele ao invés de voltar para Yoritomo e cia foi bem fraca, a Shanao de outras rotas não aceitaria essa desculpa nem se apaixonaria por pequenas atitudes de um cara que há alguns meses a estava perseguindo como um psicopata.

O Tomomori de antes sempre quis ver a Shanao coberta de arranhões, sangue e lágrimas, mas no meio de uma conversa ele simplesmente diz que gostaria de ver como seria o rosto dela sorrindo, e só porque ela diz que nunca sorriria na frente dele, ele decide que agora quer vê-la sorrindo ao invés de chorando. Tipo, sério?! (╯°益°)╯彡┻━┻
Eu acharia bem melhor que nesse pouco tempo em que nos é mostrado os dois juntos, a Shanao o desafiasse, eles fossem atacados por andarilhos, sei láá, algo que fizesse de fato com que os dois enxergassem suas diferentes perspectivas e contextos, algo mais concreto pra que um romance surgisse! O simples ato de dormirem com as mãos entrelaçadas todos os dias por motivos que não veem ao caso (mas que não eram românticos, deixando bem claro!) foi usado como artifício para a Shanao romantizar esses momentos. Pelamor. (-‸ლ)
Não vou dizer que não ouve momentos de trocas genuínas de pensamentos entre o dois, mas não foi o suficiente, não foi bem dirigido! Depois de ver todas as relações das rotas anteriores sendo trabalhadas de uma forma tão natural e fantástica, eu fiquei esperando que o mesmo acontecesse com o Tomomori. Mas não aconteceu. A Shana se apaixona muito rápido por ele, e em um segundo momento em que eles são separados mas de novo se reencontram, basicamente eles já estão in love. Meh.

Depois desse segundo reencontro, a rota começa a mostrar as revelações que explicam a origem do verdadeiro passado da Shanao e sua ligação com o clã Taira. O vilão da rota até que não é muito esperado, portanto, satisfaz, assim como a reta final, que fica bem interessante e emocionante, não tem nada de enrolação.
Eu sinceramente acho que se não fosse essa falsa promessa da rota de um vilão, eu teria lidado muito bem com esse enredo. Perto do final, eu fiz o favor de esquecer que no começo da rota o Tomomori era um sádico maluco, porque a rota tava interessante, mas esse ponto que comentei era o que me corroía por dentro.
O resultado final do true ending é o melhor cenário de paz dentre todas as rotas, eu gostei disso, mas por não ter comprado a forma como o casal se apaixonou, ela perdeu muitos pontos comigo. Vejam, a rota não é ruim, o que é ruim é essa mudança drástica de personalidade que colocaram no Tomomori.

No começo da rota ele é um vilão sádico obcecado pela Shanao e que quer fazer dela seu brinquedo sexual; em um segundo momento ele é o herdeiro indiferente dos Taira, que nunca se interessou por nada e cruza seu destino com a Shanao, por quem acaba se apaixonando e descobrindo um sentido e interesse pela vida. O pior de tudo é que esse Tomomori é muito interessante. Mas, poxa, essa transição vilão > mocinho não foi bem executada! Que não fizessem dele o vilão, então! #frustradíssima.
Personagens Secundários
Além dos candidatos amorosos principais, a Shanao conhece ou lida com outros rapazes que nós, otometes, super curtiríamos uma rota de ao menos um deles. São os famosos secundários que mereciam uma rota. Acontece que em Birushana a equipe nos dá um gostinho de como poderia ser um universo onde a Shanao se envolve romanticamente com um deles.

À medida que você desbloqueia o final verdadeiro de um personagem principal, um secundário é liberado. É uma rota alternativa acessada a partir do flowchart do personagem principal que o desbloqueou, e você tem a experiência de um possível romance com o rapaz específico.
Eu joguei apenas a do Tadanobu, porque foi o único dos 4 pelo qual me interessei. É uma jogatina rápida, coisa de uns 40 minutinhos, mas que proporciona um calorzinho para o seu coração apaixonado por um dos secundários, kkkk. Cada rota possui uma CG. A do Tadanobu foi muito fofinha, aff! (já quero jogar a rota dele no FD de Birushana!)
História

O que eu gostei da história de Birushana é que algo muito maior e tenso está ocorrendo além da história do casal que você está jogando. É um enredo que assume esse papel de lhe passar as dificuldades, jogos políticos, estratégias e dramas que rondam uma guerra entre samurais. Apesar de ser uma visual novel, a equipe de desenvolvimento conseguiu representar muito bem as lutas e choques de espadas, juntamente com a trilha sonora, dublagem e efeitos sonoros, de forma que é fácil você ficar imersa na ambientação.
Claro, se tem muito espaço para tudo isso ser digno de uma adaptação em VN de um shounen, não sobra tanto espaço assim para aquele romance “pastelão” que estamos acostumadas com a maioria dos otome games. Esse daqui entra pra a categoria de que tem mais história do que romance. Mas não se enganem, otometes, porque mesmo nas entrelinhas, o desenvolvimento do casal em questão é feito com muito cuidado e naturalidade. Bem, com exceção da rota do Tomomori, na minha humilde opinião.
Não espere que haja uma grande apuração de acordo com as figuras da vida real que serviram de inspiração para os personagens de Birushana. Até mesmo alguns acontecimentos não são apurados com a realidade. Mas o Noritsune da vida real, por exemplo, era um samurai bem durão, pois ele cometeu suicídio se atirando ao mar, mas também levando um guerreiro em cada braço do clã inimigo com ele, kkkk. E eu consigo muito ver o Noritsune de Birushana fazendo a mesma coisa! Enfim, são pequenas coisas que provavelmente a equipe de desenvolvimento catou de referência para criar a própria ficção.
Eu curti que os personagens secundários possuem suas utilidades, não estão ali apenas para preencher um buraco. Menção honrosa para os irmãos Satou, que conseguem trazer um alívio cômico sem forçar a barra em determinados momentos.
Em suma, tudo o que acontece além do casal sempre vai acontecer em todas as rotas. Algumas cenas, por exemplo, acontecem em todas. Por um lado eu entendo que não se tinha muito o que fazer, uma vez que são histórias alternativas de uma mesma guerra, mas por outro lado esse fator pode deixar as últimas rotas jogadas com uma sensação de redundância e cansaço. Ao todo, são 12 capítulos para todas as rotas principais.
E gente, não duvidem quando eu digo que as rotas são muito longas! Apesar disso, elas não enrolam, os acontecimentos e o enredo em geral são bem fluídos e dinâmicos, mas pela história principal acontecer em todas as rotas, com o tempo você pode cansar. Foi por isso que essa review demorou muito pra sair, inclusive. Eu literalmente ficava com “ressaca literária” a cada rota finalizada, kkk. (menos a do Noritsune, cof).
Arte
Em geral, a arte possui sua qualidade, e a atenção maior vai, claro, para o character design. Não é fácil desenhar aquelas roupas antigas dos generais guerreiros japoneses, e eu achei que todos os personagens foram muito bem conceituados de acordo com as próprias personalidades. O Noritsune, mais esquentadinho, com vestes avermelhadas; o Shungen, amigo de infância e mais calmo, com uma figura magra e quase delicada como a Shanao; o Yoritomo, frio e calculista, vestido com o seu manto imponente de cores escuras. E por aí vai.
Um pequeno comentário: por que deixaram a Shana com lábios vermelhos?! Em nenhum momento eu enxergava ela como uma mulher disfarçada de homem por conta disso, kkk. Era literalmente uma mulher e ninguém enxergava! kkkk.
Eu fiquei impressionada como grande parte dos personagens secundários receberem sprites! Praticamente só o “elenco figurino” que não tinham design, o que foi bem satisfatório pra mim.
A arte de fundo ficou um pouco abaixo da média pra mim, mas nada que atrapalhasse a ambientação. Eu só achei medíocre, realizou o seu papel, mas sem saltar os olhos com alguma característica única, sabe. Ainda assim, é um tipo de acabamento que consegue combinar com os sprites dos personagens.
As CGs são bem desenhadas, com composições satisfatórias e um número aceitável. Algumas até são semelhantes entre rotas diferentes, mas não foi algo que me incomodou. Mas o que me incomodou mesmo foi o fato de que todas as rotas possuem ao menos uma cena tocante ou relevante suficiente que merecia uma CG e ela ficou com Deus! Sério, você fica frustrada em estar animada ou emocionada com tal diálogo ou momento, jurando que a CG vem aí, mas…. ela não vem. E são momentos que facilmente poderiam ter sido escolhidos para receber arte ao invés de outros cujas CGs existem. Enfim, fazer o quê.
Música e Dublagem
Um dos pontos altíssimos de Birushana. Essa trilha sonora é muito boa! Ela consegue te ajudar a imergir na história sem dificuldades. E não são músicas que com o tempo te enjoam, mesmo depois de horas de gameplay.
Se você é fã de instrumentais de animes shounens e/ou que se passam na época feudal japonesa, você vai amar a OST de Birushana. E é incrível como determinadas faixas, mesmo se você escutá-las isoladas, você já sabe em quais momentos ou sobre qual personagem ela diz respeito. A minha menção honrosa vai para a faixa Setting Forth, que por intuição eu já sei que é a música tema da Shanao. Quem jogou, sabe.

As músicas de OP e ED também são bem match com todo o contexto da história. Por Birushana ter um ar muito forte de shounen, praticamente você assiste a abertura e o encerramento de um anime, kkkk.
A dublagem não fica pra trás. Elenco de peso que tá nesse cast! Os personagens principais e alguns dos secundários são únicos em seus tons de voz. Mas a minha menção honrosa vai para o Kawanishi Kengo, que deu vida ao Noritsune. Gente?! Que timbre e emoção espetaculares! Ele realmente entregou tudo do Noritsune. Os gritos ficaram guardados no meu coração, assim como a voz suave demonstrando carinho pela Shanao. Pelo amor de Deus, Otomate, o convide para mais papéis nos seus otoges!
Sistema e Interface

Não tem mistério em navegar pelos menus de Birushana. É tudo bem intuitivo, com exceção do flowchart. Mas eles possuem essa fama mesmo, não é, então tá tudo certo, kkkk.
Toda vez que você vai usar alguma funcionalidade, um personagem aleatório fala. No jogo localizado, não recebemos legenda dessas falas. O menu de opções possui as configurações padrão, como desligamento de vozes, modos skip, volume, etc. Para a alegria de muitas, Birushana oferece a opção de pular para a próxima escolha durante a jogatina!
Não existe uma cena extra tipo epílogo do epílogo no menu, então, o final que você vê na rota do rapaz específico realmente é o último conteúdo disponível sobre ele no jogo. A princípio, você possui apenas 3 garotos liberados, mas atingindo o final verdadeiro de um deles, o Yoritomo e Tomomori já são liberados.

O jogo oferece sinal de que você está realizando as escolhas certas, que é a animação de uma lótus desabrochando após a seleção de uma resposta. Se você quiser se desafiar, existe a opção de desativar esta funcionalidade.
As batalhas são bem executadas e “animadas”, mas a única reclamação que eu faço é para as “engasgadas” que o jogo dá nesses momentos. Provavelmente ele não foi muito bem otimizado para o Nintendo Switch. Ainda assim, dá pra aproveitar bem.
Nos extras dá pra rever os clipes de encerramento que você libera no final verdadeiro de cada rapaz. Além disso, dá pra escutar toda a trilha sonora, à medida que você vai destravando as músicas durante o gameplay. Você ainda tem acesso ao dicionário, mas praticamente não é necessário, pois são poucos os termos que você precisa consultar para saber do que estão falando.

As rotas extra dos personagens secundários são acessadas a partir do Flowchart, o que achei um absurdo, pois, se não fosse a Nico, eu nunca saberia que eram de lá que eu acessava! Se ficassem nos Extras seria tão mais fácil!
Biase
Não é novidade pra ninguém à essa altura do campeonato que o meu BEST BOI DE BIRUSHANA É O NORITSUNE!!!1111!!!!!!! Meu Deus do céu eu me APAIXONEI por esse garoto!! Noritsune não merece a família que tem, sério! kkkkk. Mesmo o final do Tomomori soando no game como a true route de Birushana, pra mim, a rota verdadeira é a do Sakurô (o apelido carinhoso que dei pra ele, kkk).

Eu amo o clichê do enemies to lovers, além do clichê da garota se disfarçar de garoto, e como esses dois clichês estão presentes na rota do Noritsune como um combo, foi amor à primeira vista! Mas falando sério agora, eu adorei que o Noritsune começa como um garoto birrento e até mesmo infantil, mas após conhecer melhor a Shanao ele vira um verdadeiro homem e samurai honrado! E o melhor, ele nunca deixa de vê-la como igual, mesmo depois de descobrir que ela é mulher.
A voz do Kawanishi Kengo foi essencial para dar vida a um personagem tão feroz e determinado como o Noritsune. Em nenhum momento meu garoto decepcionou, ele sempre lutou ao lado da Shanao e nunca a desrespeitou como pessoa!
Definitivamente entrou para o meu top husbandos de otomes! <3
Conclusão
Se você tá querendo saber se Birushana vale a compra, eu digo com toda certeza que sim! Ainda mais se você curte esses enredos de samurais, dramas de época japoneses ou se você simplesmente for uma filha do clássico gênero “shounenzão”.
Birushana facilmente poderia ser um anime, com suas tramas, estratégias, jogos políticos e ação. E não se engane achando que por estar em formato de visual novel não dá para sentir um gostinho de anime no ar. Principalmente nas rotas do Noritsune e Yoritomo, as batalhas são bem presentes.

Com exceção de uma rota, o romance é muito bem desenvolvido e acontece nas entrelinhas entre o casal em questão, mostrando que, quando bem executado e dirigido, na ficção, dá pra inserir romance em meio a uma guerra. No entanto, não espere que isso aqui vire um shoujo com muito romance. Na verdade, Birushana é um shounen com romance. Voltado para o público feminino, melhor ainda!
E por falar em nós, a Shana nos representa muito bem. Ela é uma samurai com muita habilidade, que, mesmo disfarçada de homem, luta como uma mulher! E todo o charme dela vem daí, em demonstrar nas nuances o seu jeito feminino, não tendo medo também de expressar seus medos e vulnerabilidade para os em quem confia. A Shanao ao final de sua história desabrocha com muito vigor, mesmo diante de duras verdades e desafios.
Os interesses amorosos são variados o suficiente para agradar todos os gostos. Com exceção de um, dá para comprar facilmente o amor que surge entre a Shanao e o rapaz em questão. Os dois crescem juntos, um se apoiando no outro. Apesar de um pequeno incômodo ali e acolá em certas rotas, em geral, meu veredito é positivo!

Pela história geral se repetir em todas as rotas, perto de finalizar o game você pode ficar muito cansada ou com a sensação de redundância, portanto, eu recomendo fortemente que você jogue primeiro os seus personagens favoritos. Birushana é um tipo de otome que te oferece um enredo longo, denso e cheio de acontecimentos e reviravoltas, e é por isso que essa tour merece ser vivida primeiro com o seu favorito! Vai por mim, otomete, experiência própria!
Com uma história envolvente, trilha sonora de qualidade, personagens variados, ação na medida certa, e uma protagonista forte e interessante, Birushana merece as notas acima da média que recebeu. Porque, apesar de não ser o otome perfeito, ele consegue entregar muito e com muita qualidade.
Nota geral: 9.0
Thanks to Idea Factory International for support our job! <3
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